'Pop song 89' foi inspirada em 'Hello I love you', dos Doors.
MORCHEEBA - 'PUBLIC DISPLAYS OF AFFECTION'
(O Sr. e a Sra. Martin sentam-se frente a frente, sem se falarem. Sorriem um para o outro, timidamente. O diálogo que se segue deve ser dito com voz arrastada, monótona, meio cantante, sem nuances)
SR. MARTIN – Desculpe, minha senhora, mas me parece, se não estou enganado, que a conheço de algum lugar.
SRA. MARTIN – Eu também, meu senhor, parece que o conheço de algum lugar.
SR. MARTIN – Por acaso, minha senhora, eu não a teria visto em Manchester?
SRA. MARTIN – É bem possível. Eu sou da cidade de Manchester! Mas não me lembro muito bem, meu senhor, eu não poderia dizer se o vi ou não!
SR. MARTIN – Meu Deus, que curioso! Eu também sou da cidade de Manchester, minha senhora!
SRA. MARTIN – Que curioso!
SR. MARTIN – Que curioso! Só que eu, minha senhora, saí de Manchester há mais ou menos cinco semanas!
SRA. MARTIN – Que curioso! Que estranha coincidência! Eu também, meu senhor, saí da cidade de Manchester há mais ou menos cinco semanas.
SR. MARTIN – Peguei o trem das 8 e meia da manhã, que chega em Londres às 15 para as 5, minha senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso! Que estranho! E que coincidência! Eu também peguei o mesmo trem, meu senhor.
SR. MARTIN – Meu Deus, que curioso! Então, minha senhora, talvez eu a tenha visto no trem?
SRA. MARTIN – É bem possível, pode ser, é plausível, e, afinal, por que não? Mas eu não me lembro disso, meu senhor!
SR. MARTIN – Eu estava viajando de segunda classe, minha senhora. Não existe segunda classe na Inglaterra, mas assim mesmo eu viajo de segunda classe.
SRA. MARTIN – Que estranho, que curioso, e que coincidência! Também eu, meu senhor, estava viajando de segunda classe!
SR. MARTIN – Que curioso! Talvez nós tenhamos nos encontrado na segunda classe, minha cara senhora!
SRA. MARTIN – É bem possível, pode ser. Mas eu não me lembro muito bem, meu caro senhor!
SR. MARTIN – Meu lugar era no vagão número 8, 6o. compartimento, minha senhora!
SRA. MARTIN – Que curioso! Meu lugar também era no vagão número 8, 6o. compartimento, meu caro senhor!
SR. MARTIN – Que curioso e que estranha coincidência! Talvez nós tenhamos nos encontrado no 6o. compartimento, minha cara senhora?
SRA. MARTIN – É bem possível, afinal! Mas eu não me lembro, meu caro senhor!
SR. MARTIN – Para falar a verdade, minha cara senhora, eu também não me lembro, mas é possível que tenhamos nos visto lá, e, pensando bem, a coisa me parece mesmo bem possível!
SRA. MARTIN – Oh! Realmente, é claro, realmente, meu senhor!
SR. MARTIN – Que curioso! Meu lugar era o número 3, perto da janela, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Oh, meu Deus, que curioso e que estranho, meu lugar era o numero 6, perto da janela, em frente ao senhor, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Oh, meu Deus, que curioso e que coincidência! Nós estávamos então frente a frente, minha cara senhora! É aí que devemos ter-nos visto!
SRA. MARTIN – Que curioso! É possível mas eu não me lembro, meu senhor.
SR. MARTIN – Para falar a verdade, minha cara senhora, eu também não me lembro. Contudo, é bem possível que nós tenhamos nos visto naquela ocasião.
SRA. MARTIN – É verdade, mas eu não estou muito certa disso, meu senhor.
SR. MARTIN – Mas não foi a senhora, minha cara senhora, a senhora me pediu para por sua maleta no bagageiro e que em seguida me agradeceu e me deu permissão para fumar?
SRA. MARTIN – É sim, devia ser eu, meu senhor! Que curioso, que curioso, e que coincidência!
SR. MARTIN – Que curioso, que estranho, que coincidência! Muito bem, e então, então talvez nós tenhamos nos conhecido naquele momento, minha senhora?
SRA. MARTIN – Que curioso e que coincidência! É bem possível, meu caro senhor! Contudo, acho que não me lembro.
SR. MARTIN – Eu também não, minha senhora.
(Um momento de silêncio. O relógio bate)
SR. MARTIN – Desde que cheguei a Londres, moro na rua Bromfield, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, que estranho! Eu também, desde a minha chegada a Londres, moro na rua Bromfield, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso, mas então, talvez nós tenhamos nos encontrado na rua Bromfield, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, que estranho! É bem possível, afinal! Mas eu não me lembro, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Eu moro no número 19, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, eu também moro no número 19, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Mas então, mas então, mas então, mas então, mas então, talvez nós tenhamos nos visto naquela casa, minha cara senhora?
SRA. MARTIN – É bem possível, mas eu não me lembro, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Meu apartamento fica no 5o. andar, é o número 8, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, meu Deus, que estranho! E que coincidência! Eu também moro no 5o. andar, no apartamento número 8, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso, que curioso, que curioso e que coincidência! Sabe no meu quarto, eu tenho uma cama. Minha cama fica coberta com um edredon verde, encontra-se no fim do corredor, entre o lavabo e a biblioteca, minha cara senhora!
SRA. MARTIN – Que coincidência, ah meu Deus, que coincidência! Meu quarto também tem uma cama com um edredon verde e se encontra no fim do corredor, entre o lavabo, meu caro senhor, e a biblioteca!
SR. MARTIN – Que estranho, curioso! Então, minha senhora, moramos no mesmo quarto e dormimos na mesma cama, minha cara senhora. Talvez seja lá que nós tenhamos nos encontrado!
SRA. MARTIN – Que curioso e que coincidência! É bem possível que tenhamos nos encontrado lá, e talvez até mesmo na noite passada. Mas eu não me lembro, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Eu tenho uma filhinha, minha filhinha, ela mora comigo, minha cara senhora. Ela tem 2 anos, é loira, tem um olho branco e um olho vermelho, é muito bonita e se chama Alice, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que estranha coincidência! Eu também tenho uma filhinha, ela tem 2 anos, um olho branco e um olho vermelho, é muito bonita e também se chama Alice, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso e que coincidência! E estranho! Talvez seja a mesma, minha cara senhora!
SRA. MARTIN – Que curioso! É bem possível, meu caro senhor.
(Um momento de silêncio bem longo… O relógio bate vinte e nove vezes.)
SR. MARTIN – Então, minha cara senhora, creio que não há duvida, nós já nos vimos e a senhora é minha própria esposa… Elisabeth, eu reencontrei você!
SRA. MARTIN – Donald, é você, darling!
(Eles se sentam na mesma poltrona, permanecem abraçados e adormecem. O relógio bate ainda várias vezes.)
A Cantora Careca, Eugene Ionesco
21/09/2003
CAMISA DE VÊNUS - 'DEUS, ME DÊ GRANA'
Foi marcado para o dia 17 de novembro o lançamento da nova versão do
Let it Be, penúltimo disco gravado pelos Beatles, em 1969. Vai se chamar
Let it Be... Naked.
Chamado inicialmente de
Get Back, o projeto original era o seguinte: a banda se reuniria num estúdio para compor e ensaiar o material para um novo LP. Concluídos os ensaios, as novas músicas seriam lançadas numa apresentação ao vivo --a primeira dos Beatles desde 1966. Todo o processo seria filmado, para que, além do álbum, fosse lançado também um documentário sobre o grupo.
A idéia não era ruim, mas esbarrou nas contantes brigas. Paul, o mais empolgado com a história toda, queria que a banda voltasse a fazer shows, idéia que John não via com muita simpatia. George ficava cada vez mais irritado por ter menos espaço na banda do que John e Paul. Nem o Ringo parecia aguentar toda aquela confusão.
Se
Get back, o filme, deveria mostrar o processo de criação da maior banda de todos os tempos, acabou registrando, nos mínimos detalhes, como os Beatles se separaram.
Depois de um mês de ensaios, a banda se cansou dos constantes atritos e deu o projeto por encerrado. No lugar de um grande show realizado a bordo de um navio, conforme planejado inicialmente, uma rápida apresentação no telhado da sede da Apple, em Londres, pôs um fim em tudo.
As fitas gravadas nessa época foram abandonadas. Meses depois, os Beatles ainda foram ao estúdio uma última vez, para gravar o
Abbey Road. Só depois disso, quando a separação já era dada como certa, John entregou as fitas do
Get Back para o produtor Phil Spector, para que ele remixasse as músicas. O disco virou o
Let it Be e foi lançado em 1970.
'Olha o que você fez com o disco, Phil Spector!'
Paul nunca escondeu sua desaprovação em relação à versão do Phil Spector, em especial à orquestra e aos vocais adicionais que ele colocou em 'The long and winding road'. A nova edição de
Let it be prometida para novembro é aquela que mais se aproxima da idéia original que Paul tinha para o disco.
Não que o material vá trazer muitas novidades, até porque as versões originais de algumas músicas --como a própria 'The long and winding road'-- constam, por exemplo, da série
Anthology. Além disso, o fato de ter tido todo o seu processo de gravação documentado fez de
Get back / Let it be o disco mais pirateado dos Beatles nos últimos 30 anos.
No meio de tantas, três versões piratas se destacam:
Get Back - The Glyn Johns compilation: Depois de encerradas as gravações, em janeiro de 1969, as fitas de todas as sessões foram entregues ao engenheiro de som Glyn Johns, a quem coube montar o álbum. Essa seria a versão mais próxima da idéia original do projeto, mas nunca foi lançada. Além de não trazer todas as orquestras que dominam a versão do Phil Spector, a compilação do Glyn Johns traz duas faixas extras, 'Rocker' e 'Save the last dance'.
Day by day: Coleção que contém praticamente
todos os detalhes de
todas as sessões de gravação do período. Na última vez que eu chequei, essa série era composta por 36 CDs duplos, e a expectativa era que esse número ultrapassasse os 40 (os discos estão sendo lançados aos poucos). Ruídos de porta, afinações, tosses, etc. Se não está aqui, é porque não existe.
Thrty days: Caixa com 8 CDs duplos contendo os principais trechos das sessões de gravação que os Beatles fizeram em janeiro de 1969. Uma espécie de meio termo. Contém mais detalhes do que a versão do Glyn Johns --que, afinal, é só um CD simples--, mas não chega à insanidade do
Day by day.
Portanto, em termos musicais, nenhuma novidade nesse relançamento. O que, claro, não vai me impedir de comprá-lo.
BLUES ETÍLICOS - 'CERVEJA'
Chamaram a Fernanda Lima. Chamaram o Thiago Lacerda. Chamaram até o Zeca Pagodinho para tentar me convencer a experimentar a nova cerveja da Schincariol.
E aí eu pensei: O que Descartes diria sobre tudo isso?
'Há muito tempo eu notara que, quanto aos costumes, por vezes é necessário seguir, como se fossem indubitáveis, opiniões que sabemos serem muito incertas; mas, como então desejava ocupar-me somente da procura da verdade, pensei que precisava fazer exatamente o contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se depois disso não restaria em minha crença alguma coisa que fosse inteiramente indubitável.'
De uma forma muito resumida, pode-se dizer que Descartes defendia que uma das primeiras coisas a fazer é limpar a mente de idéias pré-concebidas. Livre dessa carga, a pessoa estaria preparada para analisar, de maneira racional e imparcial, os acontecimentos à nossa volta, partindo de uma sólida base de conhecimentos irrefutáveis e utilizando o rigor de um método para se chegar às verdades.
Pois muito bem. Sempre me disseram que a cerveja da Schincariol era uma das piores coisas já inventadas. Eu até admito que fui um dos que colaboraram para espalhar esse rumor, mesmo sem nunca ter colocado uma gota da tal bebida na minha boca. Trata-se, portanto, de uma idéia pré-concebida que eu tenho em relação a esse assunto.
O que fazer, então? Tirar da minha cabeça esse preconceito e, a partir daí, analisar com calma os aspectos relativos à Schincariol que estão acima de qualquer dúvida, ou seja, que são absolutamente verdadeiras.
Avancemos ao passo 2. De uns anos para cá, a Schincariol investiu pesado em publicidade, numa tentativa de fazer com que as pessoas consumissem seu produto. Não se chegou ao nível de sofisticação da atual campanha, mas desde que a Antarctica se juntou com a Brahma, a Schincariol passou a fazer de tudo para não ser tragada pelo cartel das maiores cervejarias do país.
E assim foi feito. Comerciais foram produzidos para nos dizer que a cerveja deles era boa. Eu não sei se era ou não, porque, como já disse antes, eu nunca experimentei. Estamos ainda no campo das dúvidas.
Algumas semanas atrás, mudanças. Mudaram o nome e mudaram a fórmula da cerveja. Passaram a ressaltar a idéia de que, se você for capaz de vencer os preconceitos e experimentar a nova bebida, irá gostar.
A questão é: se eles mudaram a fórmula, mudaram a marca e tentam nos convencer de que, finalmente, eles têm uma cerveja decente, é porque reconhecem, mesmo que indiretamente, que a cerveja que eles faziam antes era uma grande porcaria. Afinal, se fosse boa, não precisava mudar. Eles realmente
sabiam que a cerveja era uma porcaria.
Se eles sabiam que era uma porcaria e, mesmo assim, faziam toneladas de comerciais para nos convencer do contrário, o que se conlcui? Que não se pode confiar nas campanhas da Schincariol. Antes eles diziam que a cerveja era boa, e hoje reconhecem que ela era uma droga. Quem garante que, daqui a algum tempo, eles não vão lançar uma nova nova fórmula, dizendo que essa tal de Schin é mesmo uma droga, e que a nova Cariol é que é boa mesmo?
Eles mentiram antes, e podem estar mentindo agora. Portanto, há dúvidas em relação às promessas que a Schincariol faz. E devemos 'rejeitar como absolutamente falso tudo em que se pode imaginar a menor dúvida'.
Não há motivo para acreditar na Schincariol. Logo, também não há motivo para experimentar a nova dita cuja.
E desce mais uma Heineken.
17/09/2003
JIMI HENDRIX - 'MANIC DEPRESSION'
Se, num Madison Square Garden lotado, as luzes se apagassem, os raios laser fossem acionados, os holofotes se acendessem para iluminar uma caixa de comprimidos no meio da quadra e um locutor perguntasse, aos berros:
'Are you ready for Prooooozac?'
Qual seria a reação dos deprimidos da platéia?
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Na melhor fase da sua carreira, Jimi Hendrix era acompanhado por Mitch Mitchell (bateria) e por Noel Redding (baixo). Juntos, formavam a Jimi Hendrix Experience e gravaram três discos:
Are you Experienced,
Electric Ladyland e
Axis: Bold as Love.
Apesar de norte-americano, Hendrix só começou a ganhar fama na Inglaterra, para onde viajou em 1966, acompanhado de Mitchell e Redding. Em 22 de fevereiro de 1967, o trio foi tocar no Roundhouse, em Londres. A noite foi desastrosa, o show foi horrível e, para piorar, Hendrix teve roubada sua guitarra Fender branca --pela qual ainda devia algumas prestações.
Hendrix conseguiu substituí-la por uma Stratocaster, mas ficou bastante deprimido pelo desastre no Roundhouse e, mais especificamente, pela perda da sua guitarra.
Na mesma noite, os três deram uma entrevista coletiva à imprensa britânica, que estava eufórica com o sucesso alcançado pelos músicos. Chas Chandler, baixista dos Animals, acompanhava o trio, como uma espécie de empresário. Durante a coletiva, ele disse a Hendrix que, prensado entre o clime eufórico da coletiva e o desastre do Roundhouse, o guitarrista estava soando como um maníaco-depressivo. Inspirado nisso, no dia seguinte ele já havia finalizado 'Manic depression'.
Hendrix, sobre a música:
''Manic depression' é uma música feia. Nossa música está ficando cada vez mais feia. Não estamos tentando destruir a música pop, nem nada disso. Sempre haverá músicos para subir no palco e cantar músicas bonitinhas. Nós só estamos seguindo outro caminho, fazendo as coisas do nosso jeito.'
15/09/2003
ELLA FITZGERALD - 'I GET A KICK OUT OF YOU'
Cheguei em casa querendo ouvir 'My funny valentine'. Mas, quando coloquei o CD do Frank Sinatra para tocar, passei por 'I get a kick out of you'. E me lembrei da minha versão favorita para essa música, com a Ella Fitzgerald.
E pronto.
Ella Fitzgerald - 'I get a kick out of you'
My story is much to sad to be told
But practically everything leaves me totally cold
The only exception I know is the case
When I'm out on a quiet spree
Fighting vainly the old ennui
And I suddenly turn and see
Your fabulous face
I get no kick from champagne
Mere alcohol doesn't thrill me at all
So tell me why should it be true
That I get a kick out of you
Some get a kick from cocaine
I'm sure that if I took even one sniff
That would bore me terrifically too
But I get a kick out of you
I get a kick every time I see you
Standing there before me
I get a kick though it's clear to me
You obviously don't adore me
I get no kick in a plane
Flying too high with some guy in the sky
Is my idea of nothing to do
But I get a kick out of you
09/09/2003
ARNALDO ANTUNES - 'O SILÊNCIO'
Arial 10.
Sempre que eu vou escrever um e-mail ela aparece, automaticamente, na tela. Propositalmente asséptica e inerte, arredondada e quadrada nos devidos lugares para que as letras sejam as mais neutras possíveis e, assim, não desviem a atenção do texto propriamente dito.
Algumas pessoas dizem que a execução por injeção letal, com sua mesma higiene, é uma forma de tornar menos bárbara a pena de morte. Bárbaro mesmo é desligar um ser humano como se desliga um liquidificador, por meio de botões e alavancas. A forca é uma forma muito mais civilizada de fazer a morte.
Mas isso não vem ao caso. Quando vou escrever uma mensagem importante, para pessoas que realmente importam e para quem eu preferiria mil vezes mandar uma carta escrita com caneta preta numa folha de papel ofício, eu começo pela escolha da fonte. Arial é sempre imposta pela máquina e não me agrada muito. A escrita, por si só, deveria ser capaz de dizer algo sobre o missivista. As letras inclinadas para a direita; os cortes nos tês e os pingos nos is. Arial é exatamente o oposto disso.
A questão é que não se pode fugir da artificialidade quando se está num computador. Fontes que tentam imitar a letra cursiva são horríveis. As opções não são mesmo muito boas.
No final, acabo capitulando. Afinal, talvez seja mesmo uma boa idéia me esconder na fonte anódina para forçar o destinatário a se concentrar na mensagem, sem riscos de ser distraído pela forma.
O problema é que, depois de tanta palavra difícil, depois que eu coloco o último ponto, só depois é que eu percebo que de nada adianta tanta reflexão se as coisas que eu escrevo não correpondem àquilo que eu queria realmente dizer.
08/09/2003
ROBERTO CARLOS - 'AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS'
Eu te disse que sempre fica uma música, não disse?
Se bem que eu ainda não sei o que o Rei tem a ver com a história...
04/09/2003
SMITHS - 'GIRLFRIEND IN A COMA'
Você percebe que tem alguma coisa errada com a sua vida quando as músicas dos Smiths começam a fazer sentido.
Porque uma coisa é alguém como o Morrissey escrever uma música sobre a namorada em coma.
Outra coisa é ficar com a música na cabeça.
Smiths - 'Girlfriend in a coma'
Girlfriend in a coma, I know
I know - it's serious
Girlfriend in a coma, I know
I know - it's really serious
There were times when I could
Have murdered her
(But you know, I would hate
Anything to happen to her)
No, I don't want to see her
Do you really think
She'll pull through?
Do you really think
She'll pull through?
Do ...
Girlfriend in a coma, I know
I know - it's serious
My, my, my, my, my, my baby, goodbye
There were times when I could
Have strangled her
(But you know, I would hate
Anything to happen to her)
Would you please
let me see her
Do you really think
She'll pull through?
Do you really think
She'll pull through?
Do ...
Let me whisper my last goodbyes
I know - It's serious
03/09/2003
DEEP PURPLE - 'HIGHWAY STAR'
Se o Woody Allen um dia fizesse um filme do tipo 'Tudo o que você sempre quis saber sobre música, mas tinha medo de perguntar', haveria um episódio chamado 'Decadência'. Seria assim:
No ano de 2003, o Deep Purple iria tocar em
Goiânia, numa turnê chamada 'Bananas World Tour'. Ao mesmo tempo, o Simply Red seria a principal atração de um festival em
Brasília. As imagens dessas apresentações seriam alternadas com cenas do Ian Gillan dando um beijo no Ritchie Blackmore num concerto no Japão, em 1971, e com aberturas de novelas brasileiras que tiveram 'For your babies' na trilha sonora.
Enquanto isso, a Folha --ou melhor, o
Lúcio Ribeiro-- diz que White Stripes e Wilco vão tocar no Rio. Quero ver.
01/09/2003
JEFFERSON AIRPLANE - 'SOMEBODY TO LOVE'
Thanks for your order with CD Baby!
Your CD has been gently taken from our CD Baby shelves with sterilized contamination-free gloves and placed onto a satin pillow.
A team of 50 employees inspected your CD and polished it to make sure it was in the best possible condition before mailing.
Our packing specialist from Japan lit a candle and a hush fell over the crowd as he put your CD into the finest gold-lined box that money can buy.
We all had a wonderful celebration afterwards and the whole party marched down the street to the post office where the entire town of Portland waved 'Bon Voyage!' to your package, on its way to you, in our private CD Baby jet on this day, Monday, September 1st.
I hope you had a wonderful time shopping at CD Baby. We sure did. Your picture is on our wall as 'Customer of the Year'. We're all exhausted but can't wait for you to come back to CDBABY.COM!!
Thank you once again,
Derek Sivers, president, CD Baby
the little CD store with the best new independent music
phone: 1-800-448-6369 email: cdbaby@cdbaby.com
http://www.cdbaby.com
Acho que foi a coisa mais gentil que eu ouvi nos últimos tempos.
Por isso que eu compro lá.
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